terça-feira, 15 de setembro de 2009

Romance tipicamente moçambicano


Um pénis decepado no meio de uma rua, uma prostituta honesta, políticos corruptos e capacetes azuis que explodem misteriosamente, foram alguns dos ingredientes utilizados por Mia Couto para escrever este romance tipicamente africano.
Esta obra desenrola-se depois da guerra civilmoçambicana, na fictícia cidade de Tizangara, onde Massimo Risi, representante da ONU, vai tentar desvendar o misterioso desaparecimento de alguns capacetes azuis naquela região. Durante a sua investigação este ocidental depara-se com alguns episódio hilariantes, assim como dificuldades em se adaptar àquela sociedade. E é deste modo que Mia Couto compara o mundo racionalista ocidental com o mundo empírico das sociedades africanas,
Mia Couto expõe as várias culturas e crenças do homem moçambicano, temperando-as com uma certa dose de comédia. Faz uma crítica compreensiva das origens, dos costumes e das histórias de um país que tenta sobreviver às cicatrizes de séculos de colonialismo europeu, anos de guerras civis e conflitos internos. É em pequenos aspectos que o autor expressa um sentimento de revolta e indignação através de um discurso contra o poder instaurado. Por isso mesmo, O Último Voo do Flamingo é uma das obras mais intervenientes a nível da crítica social, fazendo ainda uma alusão ao terrível fenómeno das minas, a um governo corrupto que aprisiona o seu povo numa ditadura camuflada por um sistema supostamente democrático e uma sociedade que vive entre o progresso e o misticismo.

Fica aqui a minha sugestão.

Sem comentários:

Enviar um comentário