segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Noite



Noite, minha eterna confidente
Envolve-me na tua escuridão
Ofusca a minha alma doente
Liberta-me desta terrível solidão.

Liberta-me desta dor interminável
Desta sede de justiça insaciável
Deste sonho que tanto me atormenta
Deste corpo imundo que já não sente.

Partilhamos o mesmo destino;
Desejamos a luz que um Sol nos tirou,
Procuramos a alegria que alguém nos roubou.

Por fim, encontramos a morte que nos libertou
Do terrível silêncio assustador
Que durante tanto tempo nos aprisionou.

Girassol, 2003


terça-feira, 20 de outubro de 2009

Lua Adversa



Tenho fases, como a lua.
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha.

(...)

Fases que vão e que vêm
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.

(...)

Cecília Meireles

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Um poema encontrado...


"Mientras por competir con su cabello,
oro bruñido al Sol relembra en vano;
mientras con menosprecio en medio el llano
mira tu blanca frente el lilio bello.

Mientras a cada labio, por cogello,
siguen más ojos que al clavel temprano;
y mientras triumpha con desdén loçano
de el luciente crystal tu gentil cuello;

goça cuello, cabello, labio y frente,
antes que lo que fue en tu edad dorada
oro, lilio, clavel, cristal luciente,

no sólo en plata o viola troncada
se vuelva, mas tú y ello juntamente
en tierra, en humo, en polvo, en sombra, en nada."


Hoje, este poema de Luis de Góngora (poeta espanhol do século XVII) chamou a minha atenção durante uma aula de literatura espanhola. Afinal todos teremos um dia o mesmo destino: seremos "nada"! Por isso, vamos lá aproveitar o presente : ).

Carpe Diem!

sábado, 17 de outubro de 2009

De volta...


Tenho andado desaparecida. Não por falta de ideias, mas sim por falta de tempo. No entanto, o tempo nunca é um desperdício quando estamos a absorver conhecimento, e é bom voltar a sentir isso de novo... Algumas coisas aconteceram, outras não mudaram... o PS continua no governo (espero que pelo menos a ministra a educação mude!), o presidentes das autarquias continuam os mesmo, salvo raras excepções. Finalmente a população de Felgueiras acordou, tenho pena que a de Gondomar (o concelho onde resido) ainda ande de olhos vendados.
O país ficou indignado porque uma actriz brasileira andou a fazer troça de nós, o que não me surpreende nada e até acho que foi muito bem feito para nós. Os portugueses andam sempre com os estrangeiros ao colo, quer sejam brasileiros, americanos, ingleses ou de qualquer outra nacionalidade e esquecem-se na maioria das vezes dos nossos actores, escritores, pintores, enfim dos artistas em geral. É claro que ao ver aquelas imagens a minha alma patriótica ficou um pouco ferida, mas será que mereciam assim tanta atenção? Afinal não devemos ignorar os ignorantes? E aqueles comentários vindos de alguém que mora num país em que dezenas de crianças dormem ao relento à porta de uma igreja (eu própria constatei isso quando visitei o Rio em 2000) não merece o minímo de credibilidade. É claro que a vilazinha de Sintra (património mundial da UNESCO) comparada com a favela da Rossinha não é nada! Enfim...
Como a agora ando a aprender a língua de "nuestros hermanos" vos-vos presentear com o meu primeiro texto escrito nesta língua. É sobre o filme "Habla con ella", já o vi há algum tempo, mas é daqueles filmes que nos fazem pensar, reflectir, analisar... pensar sobre o que está certo e sobre o que está errado e como a fronteira entre uma coisa e outra é muito ténue.

Fiquem bem!